quarta-feira, 20 de março de 2013

Quando falávamos com o Governador...

Conselho Montoro Foto

Entrega de um documento de reinvindicações ao Governador Franco Montoro em São Paulo
Genésio Arruda, Hugo Ferreira, Alberto Ferreira. Um clima tenso e desconfiado mas encontro de companheiros de luta que se respeitavam.

Histórias são sendo efetuadas conforme o desenrolar dos fios da vida.

Sou de uma geração de negros, que se afirmava por orgulho de sua ancestralidade, sem vantagens ou privilégios. Anos 70 quando se corria para se descobrir um avô ou bisavó de origem italiana, a Itália necessitava de mão de obra e quem tivesse um bisavô entre quatro de origem italiana requeria um passaporte e cidadania dupla. A Europa era um sonho dourado para fugir da Ditadura Militar Não estou errando nas contas avô ou bisavô não valia. Creio que depois aceitavam também a descendência por parte das mulheres. Nós gritávamos somos negros. A geração que em 1978 foi às ruas saindo das escadarias do Municipal criando o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial , o atual Movimento Negro Unificado (MNU).

O livro “Negras Raízes” - A Saga de uma Família – de Alex Haley, rodava de mão em mão. A história do pesquisador que buscou suas raízes e encontrou em Zâmbia suas origens empolgava o mundo. Kunta Kinte o homem livre aprisionado, escravizado e as histórias das lutas pela liberdade e o retomar do fora perdido a dignidade.
O livro primeiro correndo entre poucos correu muito, tornou-se um dos mais vendidos, anos depois foi feito uma minissérie para a televisão. Nós faziam sonhar em buscar nossas origens e locais.
Não fui muito para frente, meu pai e minha não tinham certidões de nascimentos. Apenas documentos de “Justificações de Idade” onde a pessoa declarava onde e quando nascera e filiação.
Em plena Ditadura Militar participávamos da redemocratização do país, e da retomada de nosso orgulho de sermos negros. Negro palavra originária de escravo era tornada como um símbolo de liberdade e dignidade que nos fora tirada.
Nas urnas eleitorais a Ditadura foi vencida, primeiro com a eleição de Montoro para Governador em São Paulo, depois com a eleição de Tancredo mesmo indireta eleição. Vários companheiros se fizeram presente. Abdias do Nascimento que retornara do exterior, Esmeraldo Tarquínio prefeito cassado de Santos, Oscarlino Marçal primeiro e único presidente negro do XI de Agosto diretório acadêmico da Faculdade São Francisco, o professor e vereador Eduardo de Oliveira, na época o vereador José Cândido companheiros que foram em sua viagem. Jovens como o então vereador Benedito Cintra então no PMDB (o PC do B ainda estava na ilegalidade), o professor Hélio Santos, Milton Santos, o vereador João Bosco de São José dos Campos, Genésio Arruda, Alberto Ferreira, cito esses nomes porque foram candidatos em 1982.

Outros companheiros eram presenças constantes Milton Barbosa, Rafael Pinto, o jornalista Hamilton Cardoso, Mário Assunção, o jornalista Antônio Lúcio os irmãos Celso Prudente e Wilson Prudente e outros tantos companheiros de São Paulo que um dia terei de relacionar, conto essas histórias porque as vivi.
Não foi uma história de doações. Foram cobranças, reivindicações firmes e fortes. Falávamos com presidentes e governadores.

Falo isso porque hoje em 2013, um secretário de governo não comparece na audiência marcada.

Audiencia Publica Secretario 003

Mesa vazia na audiência marcada por ausência do Secretário da Segurança Pública.
Salão Nobre da Faculdade de São Francisco – 19 de março de 2013

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