sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Nomes e tradições continuadas.

Queria apenas estar feliz, mas sinto-me melancólico. Desses sentimentos em que se misturam alegria e pesar.


Recebi ontem a notícia da morte de Alberto Alves da Silva Filho, o Betinho filho do seu Nenê da Vila Matilde. Conheci Betinho nos momentos em que se misturaram a luta contra a Ditadura e a afirmação pelo resgate da cidadania. Nas articulações da candidatura de Franco Montoro, então candidato à governador de São Paulo, concorrendo com Paulo Maluf.




Vínhamos do Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial  transformado em Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial por sugestão de Abdias do Nascimento numa reunião num casarão na Rua da Consolação (na Associação Cristã de Beneficência Brasileira a ACBB do presidente Seu Sebastião) de 1978, que fez o ato histórico na frente do Teatro Municipal contra a violência policial que havia morto Robson Silveira da Luz e contra a proibição dos atletas negros do Clube Tietê entrarem na piscina.
Sentávamos com as lideranças políticas que apoiavam a candidatura de Montoro, e discutíamos a questão do resgate da cidadania. Em 1980 os partidos organizado e legais eram a PDS (antiga ARENA) e o PMDB (antigo MDB) onde o PCB, PC do B e o MR8 permaneciam. Brizola e os retornados políticos tentavam reorganizar o PTB, e tendo perdido a legenda numa manobra política dos militares, criava o PDT tentando atrair Lula então apenas líder sindical no ABC.


Seu Nenê deve estar feliz com o Betinho que partiu apressado antes da hora, mas deixou um trabalho continuando a obra de seu pai, seus três filhos e um neto sempre se orgulharão de suas memórias Alberto Alves da Silva (Seu Nenê) e Alberto Alves da Silva Filho (Betinho) continuidade na luta.
Fundamental essa questão de nomes, ou melhor essas tradições de resistências de luta passadas pela família. Conosco em nos anos oitenta estava o prefeito cassado de Santos Esmeraldo Tarquínio Filho, e seu filho Esmeraldo Tarquínio Neto (chamado então de Esmeraldinho). Gente que respeita tradição e cria sua própria cultura resgatando nossa cidadania perdida quando nossos ancestrais foram escravizados.



Nesses anos começamos a colocar nomes afro em nossos filhos, encontro hoje jovens decididos, cheios de atitudes ocupando espaços na sociedade. Resgatando espaços e cobrando quando questiono a origem dos seus nomes, vejo nossa história de luta e militância, são nossos filhos fazendo seu caminho na vida. Muita alegria tive quando encontrei um rapaz com nome africano, num curso de edição de vídeo e descubro que é filho do amigo Oswaldo Faustino, sinto aos quase setenta anos realizado de estar presente com esses jovens.
A mesma alegria senti quando conheci uma jovem linda e poderosa, falando do orgulho da militância de seus pais, e descubro que é a filha do Ivair  Augusto Alves dos Santos, talvez a primeira filha daqueles militantes que se reuniam no CECAN Centro de Arte Negra no Bexiga.
Nomes e tradições continuadas.

Gostaria de apenas estar feliz e convidar para a celebração do lançamento do Livro Transversos do poeta Kwame Yonatan também filho do Ivair, na Casa das Rosas agora no dia 23. Mas a partida do Betinho assim de repente, me deixou pensando no significado dessa luta ancestral.



segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Interações

Há tempos que questiono a melhor forma de trocar experiências, ideias na internet.

Textos sem fotos são lidos? Fotos sem textos, sem maiores explicações dão um contexto?

Conversas longas, em posts abertos ou in box funcionam? Vejo conversas em que pessoas entram, repetem o que já foi dito, ou falando claro não entendem nada da conversa, e inventam outra realidade.

Vídeos contextualizam o momento? Ou é necessária uma edição, filtrando os melhores momentos, legendas?

Aí você pensa, se for vídeo necessito de uma câmera razoável, um bom computador com um programa de edição pelo menos semiprofissional. Se você souber editar, aí começa a pensar que deveria ter uma equipe, dando condições de captação de som, luz. E claro não dá para filmar e editar tem de ser uma equipe. E quem banca? Não o trabalho, mas o equipamento, os custos de produção, (internet, local, luz etc).

Venho de uma época que vivíamos uma ditadura militar, qualquer registro era “suspeito” podia ser um informante. Hoje sinto o mesmo nas manifestações ou reuniões, pode ser um policial disfarçado (o tal chamado P2), excesso de zelo? A realidade é que temos poucos registros da época da Ditadura. Quem foi procurar nos arquivos da repressão dizem que está cheio de fotos e vídeos.

Talvez seja melhor, apenas escrever, mas quem leu esse texto até o fim e vai interagir?

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Da caligrafia à edição de vídeo digital


Estrangeiro no mundo digital
Da caligrafia à edição de vídeo digital
Há tempos estávamos entrando em uma nova era, a tecnologia dando uma nova feição ao ser “humano”.
Novas formas de ver, se comunicar, e até a própria formulação do pensamento. Onde percepção, imagem, e dados de informação tem de ser selecionados e absorvidos. Crianças hoje mexem com celulares e tablets, com a mesma habilidade que eu rodava pião na mão.
Desde cedo procurei dar condições e estimular meus filhos ao ingresso nesse mundo digital. Época do computador pessoal à lenha com 64 kiB de memória Ram.
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Ontem depois de um curso intenso, Josiani e eu concluímos nosso “Curso de Vídeo Digital Final Cut” para edição de vídeos. Tirei fotos mas não atrevi a publicar sem explicar. Eu com cara de embasbacado, Josi chorando.
Sinto-me como estrangeiro, num país estranho onde tudo é difícil, mas com toda a dificuldade consigo falar e entender os nativos (jovens que nasceram nessa época) sentindo-me recebendo o “green card” de permanência no mundo digital. Na minha terra natal (século passado) aprendíamos a ter letra cursiva bonita, que serve para tatuagem do jovem ao meu lado. É um orgulho se arriscar e conseguir, estar lado de jovens, crescendo e aprendendo.
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Josi emocionada por não poder mostrar, seu certificado de conclusão do Curso ao seu pai (Seu Zé nos deixou esse ano). Seu Zé vindo das barrancas do Rio São Francisco entre Sergipe e Alagoas sabia da importância do conhecimento, e esse foi o legado deixado aos filhos. Também meu pai José, vindo das nascentes do São Francisco.
Saudades eternas.








quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Tampas e lacres teste de Obsolescência

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Há tempos venho sentido um inovar nas tampas e lacres, de pacotes, garrafas, latas e que tais.
Saco e serrote
Quando a Palmirinha tinha seu programa diário, era a minha “ídola” tão cheia de boa vontade e atrapalhadinha que pensávamos: Se a Palmirinha faz nós também vamos conseguir!
Foi aí que surgiu nossa “cozinha experimental”, tentamos cozinhar os pratos que gostávamos, se não ficasse bom, continuamos a degustar tamanho esforço de amor e carinho.
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Foi quando Palmirinha fazia propaganda de vinagres e alimentos enlatados, que comecei a notar, eu tinha a maior dificuldade em abrir as novas tampas e lacres. Mas a Palmirinha conseguia com a maior facilidade.
Listerine
Depois de pensar um ano, ler e reler as instruções (que sem dúvida foram escritas por um engenheiro) consegui abrir a tampa de produto de limpeza bucal sem quebrar o lacre. Sacos de salgadinhos, batatas resolvi da forma mais simples uso uma tesoura na cozinha.
Você pode até pensar eu consigo sem tesoura, parabéns você passou em mais um teste de inteligência aplicado por alguma inteligência extraterrestre.
Leite longa vida 2Leite longa vida
Depois de anos de uso, descubro que as caixas de “leite longa vida” tem uma forma indicada para o uso que não tenho a menor noção do porquê. Sempre usei com o bico para baixo, o indicado é o bico para cima. Não sabia? Ler as instruções é um dos passos do teste das embalagens.
Nitrion
Pode até parecer conversa tosca e sem noção, mas desde a teoria da conspiração das canetas BIC, que seriam sondas espaciais, só posso pensar numa nova teoria são testes de inteligência extraterrestes para a comprovação de obsolescência. Obsolescência significa o processo ou o estado daquilo que se torna obsoleto, ultrapassado ou que perde a utilidade. Das antigos tampas de potes de palmito onde se testava a força ou a inteligência, houve uma grande sofisticação.
Os mistérios BIC
Fico entre pensar que estou ultrapassado, ou se continua o antigo ditado: “Para que facilitar se podemos complicar. ”














segunda-feira, 16 de junho de 2014

Entendendo os 400 anos de escravidão no Brasil

Reflexão sobre a formação da sociedade brasileira

Segundo episódio da série - Lutas doc, "Recursos humanos", volta-se para a escravidão e revela as cicatrizes sociais com suas tensões, ambiguidades e a dificuldade de passar das palavras a atos de transformação.

 

Recursos Humanos lutas

A série Lutas.doc, que faz uma reflexão profunda sobre a história da sociedade brasileira e o papel da violência na formação do povo. Dirigido por Luiz Bolognesi e Daniel Augusto, o documentário tem um ritmo dinâmico e utiliza recursos de animação, trechos de filmes, informação, entrevistas e análise. Os cinco episódios combinam densidade de reflexão com linguagem acessível, uma atração especial para o público jovem.

Grandes pensadores brasileiros, personalidades da política e da cultura do país, além de outros cidadãos, abordam várias facetas da violência no Brasil. Os depoimentos são intercalados por desenho animado. Essa animação é fruto do trabalho diário de uma equipe de 60 profissionais e levou três anos para ser produzido. Com um olhar crítico e ousado, duas dezenas de entrevistados passam em revista a história da sociedade brasileira. Entre eles, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e  Fernando Henrique Cardoso.

Os diretores da série propõem um grande debate e tentam contar a história do Brasil que não se aprende nas escolas.

O mito e o senso comum, segundo o qual o brasileiro é um homem cordial, está no debate, bem como a tese de que o país é um paraíso pacífico e abençoado por Deus.

Segundo episódio da série - Lutas doc, "Recursos humanos":

Lutas. Doc é uma produção da Gullane e da Buriti Filmes.

Fonte TV Brasil

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Viva os 150 anos de Augusto Malta

 

Augusto Malta(1864-1957) um dos mais importantes fotógrafos do Brasil, no final do século XIX e início do século XX.

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Augusto Malta (1864-1957) nasceu em Mata Grande, Alagoas, no dia 14 de maio de 1864. Com 24 anos foi para o Rio de Janeiro, onde tentou várias profissões, todas sem sucesso. Só em 1900, já com 36 anos de idade, tornou-se fotógrafo amador.

Augusto Malta

Registro e memória em imagens. Mais do que registrar em imagens as transformações da cidade, ele foi um grande cronista do comportamento humano e social.

Morro do Pinto

Favela Morro do Pinto, Rio de Janeiro (1912)

Companheiro de Machado Assis na paixão pela rua, foi um andarilho, amante do ser humano em toda a sua riqueza, estranheza e amarguras da vida. Nada lhe escapou o olhar – Carnaval, famílias, trabalhadores, prostituas, funerais, eventos políticos, e claro, seu trabalho mais amplo e conhecido – a invenção da Capital da República. Sim, o Rio de Janeiro tinha deixado de ser a capital do Império.

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REVOLTA DA CHIBATA 1910

“Muito já se falou e publicou sobre os méritos do fotógrafo Augusto Malta, mas queria lembrar que esse alagoano, era um homem de paixões. Paixão pela abolição e República, juntou-se ainda no Nordeste a um grupo pró-república; paixão por desafios, trocou seu meio de transporte – uma bicicleta, por uma máquina fotográfica, arte em que foi auto-didata e, principalmente, paixão por sua prima, Laura, razão pela qual fugiu da família e acabou no Rio. Segundo a lenda familiar num almoço de domingo o patriarca da família Malta de Campos começou a designar o que cada filho seria. Coube a Augusto o papel de padre. Não tinha como. Ele já estava apaixonado pela prima. A solução? Casar e fugir.”

Cortiço

Estalagem localizada na Rua do Senado, 1906.

Nenhum recanto do Rio antigo escapou de suas lentes: os quarteirões condenados, escolas, hospitais, prédios históricos, figuras importantes etc, tudo ficou registrado em seus negativos. Foi Malta quem deu início à reportagem ilustrada sendo, talvez, o primeiro fotógrafo brasileiro a intuir a importância da fotografia como documento e veículo de comunicação com linguagem própria.

Hugo Ferreira Zambukaki

Fontes: Portal Augusto Malta; Wikipédia; e-Biografias; Augusto Malta Revolta da Chibata

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Valorizaçãode cabelos crespos naturais

 

ALÉM DO FIO - A ESTÉTICA NEGRA E O RACISMO

“Para além dos fios”, artigo da Marcelle Felix, do Observatório de Favelas, discute o uso do cabelo crespo e black power e o combate ao racismo, além de compartilhar experiências de coletivos e pesquisas que usam as representações do cabelo nas suas atuações e discussões 

Para alem dos fios

Favela 247 − Artigo publicado por Marcelle Felix , da comunicação do Observatório de Favelas, organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) localizada no conjunto de favelas da Maré, discute a estética negra por meio da representação do cabelo black power.

Além de discutir as relações sociais, o racismo e o desafio daquele que decide reafirmar a sua essência usando o cabelo afro de forma natural, Marcelle compartilha a experiência e discussões de coletivos e pesquisas na área.

Um desses coletivos é o “Meninas Black Power”, do Rio de Janeiro, que busca a valorização dos cabelos crespos naturais, apresentando diversos penteados e formas de usa-lo, além de promoverem debates e campanhas de reconhecimento e uso do cabelo afro em visitas a escolas de todo o país, priorizando os territórios periféricos.

Na área acadêmica, a pesquisa desenvolvida por Nilma Gomes e publicada no livro Corpo e Cabelo Como Símbolos da Identidade Negra (2006, editora Autência) é citada por Marcelle, afirmando que o cabelo afro e a cor da pele negra ganharam um significado supra indivíduo, atingindo o grupo étnico que pertence, em especial para as mulheres negras.

O artigo segue discutindo e apresentando visões sobre a significação do cabelo afro e o desdobramento de grupos, coletivos, indivíduos e discussões que buscam ampliar o seu reconhecimento e combater o racismo.

 

Para além dos fios

No Brasil, onde é possível perceber uma grande variedade de fenótipos, o conjunto cor da pele e cabelo se torna um dos principais divisores de água no que diz respeito à classificação do que antes chamávamos de raça. De acordo com a pesquisa de Nilma Gomes no livro Corpo e Cabelo Como Símbolos da Identidade Negra, o fenótipo de uma pessoa não pode ser considerado como um simples conjunto de elementos biológicos, porque são eles que expressam racismo e desigualdade racial.

Apesar de os brasileiros serem em sua maioria pretos e pardos, o padrão de beleza corporal é branco. Portanto, no Brasil – para além da origem – a cor da pele, a textura do cabelo e os traços físicos são características fundamentais para determinar se um indivíduo pode sofrer mais ou menos racismo. Nesse contexto, segundo os estudos de Nilma Gomes, a cor da pele e o cabelo afro ganham um significado que ultrapassa o indivíduo para atingir o grupo étnico ao qual pertence, tomando ainda maior importância para mulheres negras.

Apesar do preconceito, há um grupo de mulheres que segue na valorização da estética negra e na reafirmação do cabelo afro. A blogueira Yasmin Thayná, de 21 anos, que passava química nos cabelos desde os cinco anos de idade, explica de forma poética no seu conto Mc K-bela a sucessão de ofensas direcionadas aos seus cabelos desde a infância e sua trajetória para abandonar a química e deixar seus fios naturais.

A blogueira afirma que não gostava de passar produtos químicos no cabelo, “Nunca me senti bonita usando aquilo porque era uma sessão de horror mesmo, é muito ruim não deixar alguém escolher ser quem gostaria de ser”, disse. Para ela, o processo de alisamento dos fios se apresenta como uma imposição para as mulheres negras, enquanto deveria ser uma questão de escolha.

Hoje em dia, Yasmin usa o seu conto, sites da internet, além de fazer um filme sobre essa temática da estética negra para ressignificar e revalorizar o cabelo crespo, que costuma ser visto de forma estigmatizada. “Para mim, o cabelo afro é símbolo da minha resistência como mulher negra. Mc K-bela é um personagem que inventei e que conta a história de todas as meninas negras de periferia (várias me escreveram dizendo que passaram pelo mesmo do que eu)”, contou.

Também usando a internet como espaço para valorizar a estética negra, surgem coletivos, como as Meninas Black Power, que estimulam mulheres a valorizarem os fios crespos naturais, mostrando diferentes formas de usar o cabelo e como cuidar dele. O coletivo ainda visita escolas, principalmente em zonas periféricas, em diferentes estados do país ensinando o respeito sobre as diferenças e estimulando o uso do cabelo afro.

Segundo as Meninas Black Power, há um padrão branco de beleza que desvaloriza e oprime mulheres negras. “O coletivo surgiu por notar a forte opressão que há em torno de indivíduos negros, sempre forçando um padrão branqueado e a não aceitação de características que são naturalmente negras”, explicou. Para elas, o cabelo afro conta uma história, além de ser um símbolo de luta e resistência.

De acordo com a pesquisa “Para Ficar bonita tem que sofrer!” – A construção de identidade capilar para mulheres negras no nível superior realizada pela socióloga Luane Bento dos Santos, o cabelo ultrapassa o campo do individual para atingir o coletivo. Segundo seus estudos, o cabelo é signo de representação cultural consciente ou inconsciente em diversas sociedades. Por meio de penteados, raspagem, ou do ato de não pentear os cabelos para que embolem, as culturas exercem distinções de sexo, classe, religião e etnia.

Ainda segundo a pesquisa, o cabelo faz parte não só de um componente estético, mas também cultural, podendo atingir os campos religioso, étnico, social, político e das preferências pessoais – que estão relacionadas direta ou indiretamente à classe social. Além disso, a pesquisa mostra que os fios podem se relacionar às demarcações e às delimitações internas hierárquicas das sociedades. Sendo um dos símbolos mais notáveis de identidade individual e social o cabelo consolida o significado do seu poder por ser físico e pessoal; e também por, apesar de pessoal, ser mais público do que privado.

Dessa forma, os coletivos e militantes que se utilizam de meios de comunicação para valorizar a estética negra e sua história fazem uso de elementos pessoais que extrapolam o pessoal para chegar ao coletivo. “Essa coroa é quem me faz acreditar que precisamos estar fortes. Essa coroa foi quem me deu a chance de me olhar no espelho após mais de dois anos sem conseguir olhar para mim e dizer: como estou bonita! Como somos lindas! Porque o mais importante de ser bonita é se sentir bonita.”, concluiu Yasmin Thayná.

Fonte Por Marcell Felix para o Observatório de Favelas

terça-feira, 15 de abril de 2014

Documentário “Utopia e Barbárie”

Documentário “Utopia e Barbárie”, do cineasta Silvio Tendler, que se debruçou nos últimos 20 anos sobre o projeto. Partindo da II Guerra Mundial, o filme faz uma revisão nos eventos políticos e econômicos, que desde a metade do século XX elevaram ao risco e até ao desaparecimento dos sonhos de igualdade, de justiça e harmonia, em busca de entender as questões que mobilizam esses dias tumultuados: a utopia e a barbárie.

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“Utopia e Barbárie” é percorreu ao todo 15 países: França, Itália, Espanha, Canadá, EUA, Cuba, Vietnã, Israel, Palestina, Argentina, Chile, México, Uruguai, Venezuela e Brasil. Em cada um desses lugares, Tendler documentou os protagonistas e testemunhas da história, os apresentando de forma apartidária, mas sem deixar de trazer um pouco do olhar do cineasta, que completou 64 anos em 12 de março de 2014.

Alguns dos episódios mais polêmicos dos últimos séculos, como as bombas de Hiroshima e Nagasaki, o Holocausto, a Revolução de Outubro, o ano de 1968 no mundo (Brasil, França, Chile, Argentina, Uruguai, dentre outros), a Operação Condor, a queda do Muro de Berlim e a explosão do neoliberalismo mais canibal que a História já conheceu.

Os sonhos que balizaram o século XX e inauguram o século XXI. Ao longo de quase duas décadas de trabalho, Silvio Tendler fez uma minuciosa pesquisa e reconstruiu parte da história mundial, através do olhar de personagens com abordagens e trajetórias distintas, que ajudaram a compor um rico painel de nossa época. Entrevistados inúmeros intelectuais, como filósofos, teatrólogos, cineastas, escritores, jornalistas, militantes, historiadores, economistas, além de testemunhas e vítimas desses episódios históricos.

Os dramaturgos Amir Haddad, Augusto Boal e Zé Celso Martinez, a economista Dilma Rousseff, o escritor e jornalista Eduardo Galeano, o poeta Ferreira Gullar e o jornalista Franklin Martins foram alguns dos nomes que concederam ao filme emocionantes depoimentos. Diversas vítimas, testemunhas e sobreviventes também narraram suas trajetórias, como a argentina Macarena Gelman e a brasileira nascida em Havana, Naisandy Barret, ambas filhas de desaparecidos políticos, além do estrategista do exército vietnamita, General Giap.

Cineastas de vários países também contribuíram com suas visões, como Denys Arcand (Canadá), Amos Gitai (Israel), Gillo Pontecorvo (Itália), Fernando Solanas (Argentina), Hugo Arévalo (Chile), Marceline Loridan (França), Mohamed Alatar (Palestina), Shin Pei (Japão), além dos cineastas brasileiros Cacá Diegues, Sérgio Santeiro e Marlene França.

Orçado em R$ 1 milhão, o longa-metragem conta com a narração de Letícia Spiller, Chico Diaz e Amir Haddad. A trilha sonora, especialmente composta para o filme, é assinada por Caíque Botkay, BNegão, Marcelo Yuka e pelo grupo Cabruêra.

Silvio Tendler é diretor de O Mundo Mágico dos Trapalhões, que fez um milhão e oitocentos mil espectadores; Jango, fez um milhão e Os Anos JK, oitocentos mil espectadores. Seu longa-metragem, Encontro com Milton Santos, ficou entre os dez documentários mais vistos de 2007. Com seus filmes Silvio ganhou quatro Margaridas de Prata (prêmio dado pela CNBB), seis kikitos (Festival de Gramado) e dois candangos (Festival de Brasília).

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Lincoln ferido mortalmente 14 de abril de 1865

 

Somente uma semana depois da capitulação do general sulista Robert Lee, rendido com seu exército, na Virginia, terminando com a Guerra Civil americana, no dia 14 de abril Abraham Lincoln é ferido mortalmente. John Wilkes Booth, partidário fervoroso dos sulistas atira no presidente que morre na manhã seguinte. Lincoln falece antes de poder assistir à ratificação da 13ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos que aboliu a escravidão

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Atentado Lincoln

Lincoln e a escravidão

Abraham Lincoln é muitas vezes referida como "O Grande Libertador" e, ainda assim, ele não assumiu publicamente a defesa da emancipação durante toda a sua vida. Lincoln começou sua carreira pública, alegando ser "abolicionista" - contra a expansão da escravidão, mas não pedindo emancipação imediata. No entanto, o homem que começou como "abolicionista" finalmente emitiu a Proclamação de Emancipação, libertando todos os escravos nos estados sulistas que estavam em rebelião. Apoiou vigorosamente a 13 ª Emenda, que aboliu a escravidão nos Estados Unidos, e, no último discurso de sua vida, ele recomendou estender o voto aos afro-americanos. Os discursos mostram um dos seus maiores trunfos: A capacidade de mudar sua posição pública sobre a escravidão

Funeral

Abraham Lincoln discursa em sua primeira inauguração em 04 de março de 1861 no Capitólio dos EUA, que ainda estava em construção, em Washington DC -

Uma amizade incomum -

Lincoln & Frederick Douglass

Uma das amizades mais importantes que se desenvolveram durante esse conflito (1861-1865) foi entre o presidente Abraham Lincoln e abolicionista negro Frederick Douglass.

Imediatamente após o início da guerra civil em abril de 1861, Douglass começou a apelar para o uso de tropas negras para combater a Confederação. Defendeu a criação de regimentos negros no exército da União. A primeira preocupação do presidente Lincoln foi a preservação da União, e não aceitou o pedido de Douglass.

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Escravo açoitado na Lousian, fugiu e foi lutar contra os Confederados (Sulistas 1863)

Lincoln acreditava no principal objetivo do Norte era preservar a União e não acabar com a escravidão. Ele proclamou:

" Meu objetivo primordial nesta luta é salvar a União, e não entre resguardar ou destruir a escravidão. Se eu pudesse salvar a União sem libertar qualquer escravo, eu o faria, e se eu pudesse salvá-la libertando a todos, eu o faria; e se eu pudesse salvá-la libertando alguns e deixando outros, eu também o faria. O que eu faço referente à escravidão, e à raça de cor, faço porque acredito que ajuda a salvar a União; e ao que se dá minha resistência é porque acredito que não ajudará ...”

APOIO À LINCOLN

Apesar da política pró-escravidão aparente da administração Lincoln, Douglass foi fervoroso trabalhando e apoiando o Presidente. Sábio o suficiente para entender que, se Lincoln no início, havia declarado sua política, não só para salvar a União, mas também para libertar os escravos, senão nada se conseguiria. Nos discursos Douglass enfatizava "a missão da guerra foi a libertação dos escravos, assim como a salvação da União. Reprovava o Norte que lutava só com uma mão contra a escravidão, enquanto podiam lutar de forma mais eficaz com as duas.

Apelou tanto que a guerra assumiu uma atitude antiescravagista e os negros foram convocados para lutar ao lado da União.

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Em julho de 1863, Douglass se reuniu com Lincoln na Casa Branca para aliviar o sofrimento que as tropas negras estavam sofrendo como cidadãos de segunda classe. Foi inédito para um homem negro ir à Casa Branca com uma queixa. Mas tinha muitos amigos e admiradores influentes em Washington, caminho aberto e seguro para dialogar com Lincoln. Logo descobriram que tinham muito em comum. Douglass feito um caminho longo e difícil a partir de escravo em Maryland, e Lincoln um espinhoso caminho da vida dura e áspera no Kentucky, para o alto cargo de Presidente. Um grande demais para ser um escravo, e o outro nobre demais para permanecer, em uma crise como nacional, um cidadão privado.

Antes do final da guerra, muitos soldados negros recebiam igualdade de remuneração e promoções. Durante os últimos dois anos da guerra cerca de 200 mil afro-americanos serviram em regimentos da União. Tendo chance de lutar, os negros se mostraram tão corajoso como ninguém. Mais de 30.000 morreram lutando pela liberdade e pela União (Norte).

Fontes:National Park Service, William Connery e Wikepedia

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Brasil conspirou com EUA para derrubar Allende

Os presidentes norte-americano Richard Nixon e brasileiro Emilio Garrastazu Médici discutiram em dezembro de 1971 como cooperar para derrubar ao mandatário chileno Salvador Allende, segundo documentos oficiais da Casa Branca desclassificados e publicados em 17/08/2009.

Apoio Brasil EUA Chile

Brasil e EUA discutiram ação para derrubar Salvador Allende, apontam documentos americanos

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Posse do Presidente Allende outubro 1970
Nixon-Médici 1971

Nixon perguntou a Médici, em um encontro na Casa Branca em 9 de dezembro de 1971, se os militares chilenos eram capazes de derrubar Allende. Médici respondeu que sim, em sua opinião, e "deixou claro que o Brasil estava trabalhando com esse objetivo", anota o documento, que foi desclassificado em julho, como obriga uma lei de documentos oficiais norte-americanos. O Arquivo Nacional de Segurança, um grupo privado, postou o documento em seu site em 2009.

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Nixon (dir.) perguntou a Médici se os militares chilenos eram capazes de derrubar a Allende

Nixon deu seu consentimento a essa suposta política brasileira de desestabilização no Chile, onde Alende havia ascendido ao poder havia pouco mais de um ano.

Pinochet e Alende

General Pinochet chefe das Forças Armadas e o Presidente Allende

O golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet aconteceu quase dois anos depois, em 11 de setembro de 1973.
"O presidente (Nixon) disse que era muito importante que o Brasil e os Estados Unidos trabalhassem estreitamente nesse campo", acrescenta o documento.
Nixon pediu a Médici, presidente militar brasileiro desde 1969, que lhe dissesse em o que poderia ajudá-lo. "Se faltasse dinheiro ou outra ajuda discreta, talvez poderíamos colocá-la a sua disposição", disse Nixon.

 

Castro e Allende

Fidel Castro e Salvador Allende em Santiago, novembro de 1971

Estados Unidos e Brasil, disse Nixon a seu convidado brasileiro, "devem tentar prevenir novos Allendes e Castros e tentar inverter essas tendências onde for possível". O Brasil, como um país sul-americano, "poderia fazer muitas coisas que os Estados Unidos não poderiam" na região, comentou Nixon durante o encontro no Salão Oval da Casa Branca, em Washington.

Apoio nos EU Nixon Medici
Médici disse que estava feliz por ver que as posições e pontos de vista brasileiro e americano eram tão parecidos. O presidente brasileiro acrescentou que o Brasil estava fazendo intercâmbio com muitos oficiais chilenos e deixando claro "que o Brasil estava trabalhando para esse fim".
O golpe de Estado de Pinochet contra Allende pôs fim ao primeiro governo de inspiração socialista que chegava ao poder através das urnas na América Latina e deu início a uma ditadura que causou mais de 3 mil vítimas, segundo dados oficiais, entre executados e desaparecidos entre 1973 e 1990.
A respeito de Fidel Castro, Médici disse que um grande número de cubanos vivendo nos EUA reivindicavam a queda do regime de Castro, fazendo aumentar a questão sobre se "nós deveríamos ajudar ou não".

 

Bombardeio La Moneda

Bombardeio do Palácio “La Moneda” 11 de setembro de 1973 Chile

Nixon respondeu que "nós deveríamos, desde que não os empurremos a fazer algo que nós não poderíamos apoiar e desde que nossas mãos não pareçam".

Fontes: National Security Archive, EFE, da AP e UOL

Fotos internet

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Semana de luto em Ruanda: Genocidio de 1994

 

Genocídio de 1994 azeda relações entre a França e o Ruanda

 

 

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O verniz estalou. A França anulou a deslocação da sua ministra da Justiça ao Ruanda, para a cerimónia de evocação do genocídio de 1994, depois de o Presidente do país africano, Paul Kagame, ter acusado as autoridades de Paris e a Bélgica, antiga potência colonial, de participação nos massacres em que, há 20 anos, entre Abril e Julho, foram mortas cerca de 800 mil pessoas.

Numa entrevista publicada este domingo na revista Jeune Afrique – exactamente 20 anos após o derrube por um míssil do avião do então Presidente ruandês, o hutu Juvenal Habyarimana, a que se seguiu o início do genocídio – Kagame denunciou o “papel directo” dos dois países europeus na “preparação política do genocídio”. No caso da França foi mais longe, acusou-a de ter participado na sua “execução”.

Paul Kagame, à época líder dos rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa, maioritariamente tutsis, acusou também soldados franceses participantes na operação militar-humanitária Turquoise, desencadeada em Junho de 1994, sob mandato das Nações Unidas, no Sul, de terem sido “cúmplices” e “actores” de massacres.

A entrevista confirma o que se sabia, que o apaziguamento entre os dois países e a reconciliação de 2010 – quando o então Presidente francês, Nicolas Sarkozy, reconheceu “graves erros de apreciação” em 1994 – era apenas aparente. E que o genocídio de tutsis, mas também de hutus moderados, continua a envenenar as relações bilaterais.

O incidente é uma espécie de repetição do que aconteceu há dez anos, quando, na cerimónia oficial, em Kigali, Kagame atribuiu a Paris a “audácia de não pedir desculpa” e a delegação francesa encurtou a permanência no Ruanda. Já depois disso, o dirigente africano aludiu, em várias outras ocasiões, ao suposto envolvimento da França.

Na sequência das declarações do dirigente africano, a França cancelou a deslocação a Kigali da ministra da Justiça, Christiane Taubira, e disse que as palavras de Kagame surgem “em contradição com o processo de diálogo e de reconciliação”. Paris informou que se faria representar pelo seu embaixador em Kigali, mas o Governo ruandês declarou-o persona non grata nas cerimónias. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros telefonou-me à noite para me dizer que eu já não tinha acrediração”, explicou à AFP o embaixador Michel Flesch. “Quando perguntei se podia ir ao memorial de Gisozi para colocar uma coroa de flores responderam-me que não”.

Ruanda 2

O ministro dos Negócios Estrangeiros da época, Alain Juppé, denunciou uma “falsificação histórica” e apelou ao Presidente, François Hollande, para “defender a honra da França”. Juppé considera que “a comunidade internacional falhou, é um facto”, porque foi “incapaz e prevenir e travar o genocídio” mas – acrescentou – “a comunidade internacional não é apenas a França”.

 

Já depois da reacção francesa, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Ruanda, Louise Mushikiwabo, fez um sublinhado às declarações do seu Presidente. A França, que apoiava o regime em 1994, deve “olhar a verdade de frente”, disse.

A Bélgica manteve os planos iniciais, apesar de ter marcado a distância para com as autoridades de Kigali. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Didier Reynders, invocou à televisão RTBF as conclusões de um inquérito belga que atribuiu a preparação do genocídio a “grupos extremistas ruandeses” e confirmou que estará em Kigali para “lembrar a memória das vítimas e das suas famílias” e não para “prestar homenagem ao actual Governo”. Com ele viajaram familiares de 22 vítimas belgas – dez paraquedistas mortos a 7 de Abril de 1994 juntamente com Agather Uwilingiyimana, o primeiro-ministro ruandês que protegiam, e 12 civis.

Ruanda genocidio

Mistério por esclarecer
Duas décadas depois está por esclarecer quem disparou o míssil que derrubou o Falcon 50 que o Presidente francês, François Mitterrand, oferecera Habyarimana, e em que também morreu Cyprien Ntaryamira, Presidente do Burundi. Sabe-se apenas que foi a queda do avião e a morte do chefe de Estado que precipitou um genocídio antecedido por semanas de propaganda assente no ódio.

As investigações em França têm, como explicava no sábado o diário Le Monde, explorado diferentes hipóteses de autoria da queda do avião: dos então rebeldes de Kagame, em plena ofensiva contra o governo; a extremistas hutu, descontentes com disponibilidade de Habyarimana para partilhar o poder com os tutsis.

Após 6 de Abril de 1994 sucederam-se meses de violência sem limites. “A escala de brutalidade do Ruanda continua a chocar: uma média de 10.000 mortos por dia, todos os dias, durante três meses”, recordou, citado pela AFP, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que estará em Kigali.

fonte: http://www.publico.pt/

VEJA MAIS IMAGENS EM http://www.publico.pt/mundo/noticia/genocidio-de-1994-azeda-relacoes-entre-a-franca-e-o-ruanda-1631250#/0

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Campos de Concentração Indígenas na Ditadura

Ditadura criou campos de concentração indígenas

Índios foram submetidos a trabalhos forçados e torturas. Reparação de crimes cometidos nas aldeias ainda é pouco debatida. Veja minidocumentário

De 1969 até meados da década de 1970, a Fundação Nacional do Índio (Funai) manteve silenciosamente em Minas Gerais dois centros para a detenção de índios considerados “infratores”. Para lá foram levados mais de cem indivíduos de dezenas de etnias, oriundos de ao menos 11 estados das cinco regiões do país. O Reformatório Krenak, em Resplendor (MG), e a Fazenda Guarani, em Carmésia (MG), eram geridos e vigiados por policiais militares sobre os quais recaem diversas denúncias de torturas, trabalho escravo, desaparecimentos e intensa repressão cultural. Os presos incluíam até mesmo indivíduos que lutavam contra a invasão de áreas hoje oficialmente reconhecidas como território indígena.

Muito pouco se divulgou sobre o que de fato acontecia nesses campos de concentração étnicos. Se a reparação dos crimes cometidos pela ditadura nas cidades brasileiras ainda engatinha, nas aldeias situação é ainda pior. Até hoje, nenhum índio ou comunidade indígena foi indenizado pelos crimes de direitos humanos ocorridos nesses locais. Nunca houve qualquer manifestação formal do Estado brasileiro reconhecendo a existência de tais crimes.

Por André Campos

Acusações de vadiagem, consumo de álcool e pederastia jogaram índios em prisões durante o regime militar; para pesquisadores, sociedade deve reconhecê-los como presos políticos

Minidocumentário originalmente publicado em junho de 2013 na reportagem Ditadura criou cadeia para índios com trabalho forçado e torturas, do Concurso de Microbolsas de Reportagem da Pública.

Fonte Reporter Brasil

segunda-feira, 31 de março de 2014

Movimento Negro e a Ditadura Militar

 

A partir dos anos 1960, a ditadura militar brasileira inviabilizou todas as manifestações de cunho racial. Os militares transformaram o mito da "democracia racial" em peça-chave da sua propaganda oficial, e tacharam os militantes (e mesmo artistas) que insistiam em levantar o tema da discriminação como "impatrióticos", "racistas" e "imitadores baratos" dos ativistas nos Estados Unidos que lutavam pelos direitos civis.

 

Ditadura Movimento Negro

Fundação do Movimento Negro Unificado, 1978 nas escadarias do Teatro Municipal em São Paulo, enfrentando o racismo em plena Ditadura Militar! Saudação e respeito aos lutadores que ousaram e resistem!

O movimento negro, enquanto proposta política, só ressurgiria realmente em 7 de Julho de 1978, quando um ato público organizado em São Paulo contra a discriminação sofrida por quatro jovens negros no Clube de Regatas Tietê, deu origem ao Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU). A data, posteriormente, ficaria conhecida como o Dia Nacional de Luta Contra o Racismo.

terça-feira, 25 de março de 2014

Holanda fecha prisões

Holanda vai fechar prisões por falta de criminosos.

Com o declínio da criminalidade na Holanda, várias prisões vazias estão sendo fechadas. Acordos estão sendo feitos com outros países para uso das prisões.

Um artigo publicado em 2009 coloca o problema das demissões dos funcionários das prisões. A Suécia também está fechando prisões, devido à queda da criminalidade.

Prisão holandesa

Prisão de Scheveningen.

“O Ministério da Justiça holandês anunciou que vai fechar oito prisões e cortar 1.200 postos de trabalho no sistema prisional. Um declínio na criminalidade tem deixado muitas celas vazias.

Durante a década de 1990 a Holanda enfrentou uma faltas de celas de prisão, mas um declínio no crime, desde então, levou a excesso de capacidade no sistema prisional. O país agora tem capacidade para 14.000 presos, mas apenas 12.000 detentos.

Holanda fecha prisões

Vice-ministro da Justiça Nebahat Albayrak anunciou nesta terça-feira que oito prisões será fechada, resultando na perda de 1.200 postos de trabalho.

Os funcionários serão realocados em outras funções.

O excesso de capacidade é resultado da taxa de criminalidade em declínio, o que o departamento de pesquisa do ministério espera continuar por algum tempo

Prisioneiros belgas

Adiamento do fechamento poderá vir de um acordo com a Bélgica, que enfrenta a superpopulação em suas prisões. Os dois países estão a trabalhar a um acordo para abrigar prisioneiros belgas em prisões holandesas. Alguns quinhentos prisioneiros belgas poderiam ser transferidos para a prisão Tilburg em 2010.”

Publicado em 19-05-2009

Fonte http://vorige.nrc.nl/international/article2246821.ece/Netherlands_to_close_prisons_for_lack_of_criminals

domingo, 23 de março de 2014

Tomada do forte paraguaio de Curapaiti

23 de março de 1868 – Guerra do Paraguai

Tomada do forte paraguaio de Curapaiti

Guerra do Paraguai (1024x576)

A participação da população negra

“A guerra do extermínio” ou “Genocídio Sul Americano”

Após dois anos impedindo o progresso das forças aliadas, o forte paraguaio de Curupaiti é tomado pelas forças lideradas pelo comandante-em-chefe do Exército brasileiro no Paraguai, o então Marquês de Caxias.

Os voluntários da pátria?!

A proporção racial dos combatentes brasileiros chama a atenção. Os bravos nobres “voluntários da pátria” enviavam seus escravos para o campo de batalha. Para cada combatente branco existiam pelo menos 45 negros ou afro-descendentes.

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Batalha do Curapaiti 1866

Uma Guerra Impopular - com escravos negros brasileiros, "voluntários da pátria" indo a ferros para o front. Corrupção deslavada ao início da Guerra do Brasil contra o Paraguai (levando Uruguai e Argentina pela mão contra seu irmão de língua espanhola).

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Soldado Zuavo da Bahia

A mobilização das companhias negras na Bahia (e em Pernambuco) durante a Guerra do Paraguai (1864-70). A organização dessas companhias racialmente segregadas era muito semelhante ao resto da mobilização brasileira, mas também remontava ao legado da milícia negra colonial e ao serviço dos seus integrantes na guerra pela Independência na Bahia. Muitos soldados e oficiais negros se distinguiram nos combates de 1866, mas o governo e o Exército brasileiros relutavam em aceitar a identidade racial implícita dessas unidades, e elas foram extintas antes do final daquele ano. Além de corrigir os muitos equívocos sobre os zuavos baianos repetidos com frequência na bibliografia acadêmica e popular, este artigo reflete sobre a complexidade da política racial na sociedade brasileira imperial e a visão negra do serviço ao Estado (e de cidadania) estreitamente ligado ao serviço militar.

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José Júlio Chiavenatto faz um balanço final de quem ganhou e quem perdeu com o massacre genocida perpetrado pelo Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. A maior beneficiária - de longe - foi a Inglaterra.

Cadaveres paraguaios 

Mortos paraguaios

O Paraguai perdeu mais de 90% de sua população masculina com muitas mulheres e crianças escravizadas no Brasil, no Uruguai e na Argentina. Os países "vencedores" estavam tão endividados para com a Inglaterra que muito do que chamamos de "dívida externa", recentemente "internalizada" no Brasil e na Argentina por ordem do FMI, começa com aquela guerra impopular da chamada "Tríplice Aliança" contra a única Nação industrializada da América Latina.

Para muitos, notadamente o historiador Júlio José Chiavenato, o grande número de homens negros nas fileiras brasileiras evidencia uma política genocida propositalmente executada pelos comandantes que usavam esses soldados como bucha de canhão, especialmente depois do começo do recrutamento sistemático de escravos em fins de 1866

Fontes: Os companheiros de Dom Obá: Os zuavos baianos e outras companhias negras na Guerra do Paraguai - Hendrik Kraay

A Guerra contra o Paraguai - Julio José Chiavenatto

A participação dos negros escravos na guerra do Paraguai - André Amaral de Toral

sexta-feira, 14 de março de 2014

“Abdias: Raça e Luta” Documentário

 

Retratando a trajetória de Abdias do Nascimento, o documentário “Abdias: Raça e Luta” homenageia um dos pioneiros do movimento negro no Brasil.

Documentário Abdias

“Abdias: Raça e Luta”. O documentário retrata a trajetória do professor, artista plástico, escritor, teatrólogo, político e poeta Abdias Nascimento.
A indignação, que o acompanhou desde a infância, foi a válvula propulsora que o transformou em um guerreiro das políticas de inclusão das populações afrodescendentes. A história de Abdias confunde-se com a história do Movimento Negro no Brasil. Criador do Teatro Experimental do Negro, responsável pela formação dos primeiros atores e atrizes dramáticos negros, Abdias esteve presente nas principais ações em prol da igualdade racial. Ao longo de sua vida política conquistou vitórias que se refletem na atual Constituição Federal. Graças a discussões iniciadas por ele no Congresso Nacional, em 1988, a Carta contempla, pela primeira vez, a natureza pluricultural e multiétnica do país.

 


Com direção de Maria Maia e produção de Cristina Monteiro, “Abdias:Raça e Luta” é uma homenagem a um dos pioneiros do movimento negro no Brasil. O documentário conta com a participação de Luiza Bairros, Ministra Chefe da SEPPIR; de Eloi Ferreira de Araújo, presidente da Fundação Palmares; de Elisa Larkin Nascimento, diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros – IPEAFRO – da atriz Ruth de Souza, entre outras personalidades.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Identidade e Michael Jackson

Como Michael Jackson se pareceria sem cirurgia

Em 2008 quando comemorava-se os cinquenta anos de Michael Jackson, uma foto projeção do computador de como seria Michael sem cirurgias e sem mudança de cor, causou impacto.

Uma reflexão sobre assumir a imagem e origens. Na Islândia pais colonizado por vikings na sua maiora loiros, de olhos azuis, e cabelos lisos as moças pintam e encaracolam seus cabelos.

Relembrando num artigo da época (29/08/2008)

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“Como Michael Jackson se pareceria se nunca tivesse feito cirurgia plástica?

A imagem do computador acima é uma impressão artística do que o rosto de Jacko seria aos 50 anos sem a cirurgia no nariz, mudança da cor da pele, e todas as tranformações.

Michael sempre foi o mais quente do Jackson 5, e estava em seu auge de carreira quando embarcou em sua carreira solo.

Muito barulho foi feito sobre sua cirurgia no nariz de volta na década de 80, era um caso rara na época para um cara conseguir um emprego fazer uma cirurgia de nariz, especialmente um superfamoso. Mas uma cirurgia não foi suficiente para Jacko, que repetidamente fez cirurgias plásticas, evoluindo-se para o pop star mais incomum todos os tempos.

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Sem Cirurgia: Projeção como Michael Jackson se pareceria sem cirurgia aos 50 anos

Michael estranho e maravilhoso teve um infernal meio século -de estrelato. De criança a uma fama de cantor pop internacional a um fim controverso e isso é sem contar com a sua evolução física também.

Comemorando os 50 anos de Michael Jackson no verdadeiro estilo Fix com uma evolução de galeria rosto de Michael Jackson!

VEJA A GALERIA DE FOTOS

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Ao longo dos anos: A partir do rosto natural até o final, Michael certeza é o rei da reinvenção”.

Fonte Celebrities Fix

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Todo negro é suspeito = Herança da Escravidão

Uma historia ocorrida em Washington, mostra o preconceito e a violência, que ainda existe independente do presidente Obama ser negro. O preconceito e discriminação não foram superados.

“Professora algemada pela polícia numa excursão com alunos

Uma professora de Washington DC foi algemada na frente de seus alunos e mantido por 20 minutos pela Metro Transit Police (polícia de trânsito do Metrô) em um caso de identidade equivocada.

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NBC Washington relata que a professora Brandi Byrd da “Dunbar High School’ foi algemada depois de levar 15 dos seus alunos ao Museu do Holocausto em Washington DC Ao sair do trem na m *** t Station Square Vernon, Byrd foi empurrado contra uma parede e algemada por polícia.

"Gravem, porque eu não fiz nada", Byrd disse a seus alunos enquanto a polícia continuou a tratava duramente.

'Ela é uma mulher. Por que está sendo tão agressivo com ela? '", Disse Carlton Green NBC Washington.

A Polícia do Metro disse mais tarde que eles estavam respondendo a uma denúncia de assalto, mas eles não deram uma explicação a Byrd antes de algema-la.

"Em nenhum momento", diz Byrd, "os policiais que me colocaram as algemas falaram por que eu estava algemada."

Byrd diz que enquanto ela estava sendo mantida por 20 minutos, ela só foi informada de que a polícia estava conduzindo uma investigação.

"Eu disse a ele. Eu identifiquei quem eu era ", disse Byrd. "Eu sou um professora. Estes são os meus alunos. Estamos voltando de uma excursão à um museu. "

A polícia alega que Byrd tornou-se agitada, enquanto ela estava sendo abordada, mas nega que Byrd.

Byrd e seus alunos foram autorizados a sair depois que a polícia descobriu que tinha cometido um erro.

"Eu nunca tinha sido realizada contra a minha vontade em qualquer lugar", disse Byrd, que admite que se sente violada depois de seu confronto com a polícia.”

Fonte: http://www.yourblackworld.net/

Assista ao vídeo aqui: