sexta-feira, 27 de julho de 2012

João do Pulo, a força da Natureza

 

27 de julho de 1976,  O recordista João do Pulo A Força da Natureza
João Carlos de Oliveira, o "João do Pulo", ganha o bronze no salto triplo, na Olimpíada de Montreal. 
No ano anterior 1975 , nos Jogos Pan-americanos do México, teve sua maior glória.
Com um salto de 17,89 metros, entrou para a história com um recorde mundial que levaria 10 anos para ser superado.
http://zambukaki.blogspot.com.br/

 

Para muitos especialistas em atletismo, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, como ficou popularmente conhecido, foi o maior potencial atlético da história do Brasil e do mundo. Seu talento nato transpunha todo e qualquer obstáculo que sua vida turbulenta viesse a impor.
Atletas contemporâneos de qualidade inter- nacional costumam afirmar que, se o João treinasse um bocadinho mais e com serieda- de teria obtido marcas inusitadas para sua época, acima dos 18 metros e de seu recorde pessoal, 17m 89, obtido nos Jogos Pan-Ame- ricanos da Cidade do México.
17,89 m. O pulo do João, naquele dia 15 de outubro de 1975, consignaria um novo recorde mundial. Recorde que levaria dez anos para ser quebrado pelo americano Willie Banks, que cravou 17,97 m em Indianápolis, Estados Unidos.
Vale ressaltar que o atletismo brasileiro sempre teve um histórico de carência,tanto de infra-estrutura quanto no perfil social daqueles que o praticavam. Não existiam, então, os recursos de hoje, dando suporte a lutas e sonhos. Atletas do naipe de João Carlos de Oliveira surgiam mesmo como que por combustão espontânea.
Tal combustão pôde ser vista, como um fo- go-fátuo, no sul-americano do Chile, catego- ria adulta, quando o menino João saltou 16, 34m, marca que serviu para alertar os fiéis do atletismo. No horizonte, surgia uma estrela promissora de raro brilho.
Recordista absoluto do salto triplo, foi assim que João Carlos de Oliveira chegou às Olim- píadas de Montreal, no Canadá, em 1976. A exigência de medalha a qualquer custo pesou em seus ombros. Mas mesmo assim, carregando nas costas a cruz da expectativa, ele conseguiu manter a tradição do País na prova, plantada e alimentada por Adhemar Ferreira da Silva e Nelson Prudêncio. Foi bronze, saltando 17,29 m. No salto em dis- tância daquela Olimpíada, João ficou com a quarta colocação, cravando 8 metros.
Mais amadurecido, em 1980, ele seguiu confiante para as Olimpíadas de Moscou. Estávamos no auge da Guerra Fria. Conquistas significavam hegemonia política na dura batalha de propaganda entre os Estados Unidos e a então União Soviética.
Se alguém poderia superar seu recorde de 17,80 m seria ele mesmo. Nenhum de seus concorrentes tinha lastro. Nosso João do Pulo viria a sofrer a maior decepção de sua carreira. O brasileiro foi vítima de uma artimanha para favorecer um atleta soviético e acabou roubado em seus resultados.
A data da fraude olímpica, que só viria a ser desmascarada 20 anos depois, foi 25 de julho de 1980. João Carlos já havia feito n tentativas e os fiscais de linha haviam invalidado oito delas, alegando que o brasileiro pisara na marca.
Ao concluir um dos saltos, João do Pulo caiu numa caixa de areia com a certeza íntima de que pulara mais de 18 metros, o que lhe daria não só a medalha de ouro nos Jogos de Moscou, mas também o novo recorde mundial. A bandeira vermelha surgiu e invalidou aquela que seria uma das mais belas páginas do atletismo em todos os tempos.
De suas três tentativas válidas, a de 17,22 m foi suficiente apenas para garantir a medalha de bronze.
A farsa só foi desmontada em junho de 2000, quando o conceituado jornal australiano Sydney Morning Herald publicou uma reportagem esclarecendo a questão. Os saltos anulados do brasileiro faziam parte de uma complexa operação para dar o tetracampeonato olímpico ao soviético Viktor Saneyev.
Adianta recorrer? Não, a página já foi virada. Diz o ditado que águas passadas não movem moinhos. Seesquece o ditado, todavia, que são justamente as águas já passadas que jus- tificam a existência de um moinho...
Vítima, João foi saindo da glória ao abandono. Abandono que culminou com o violento e trágico acidente proporciona- do por um motorista imprudente. Devido à forte colisão, João Carlos teve uma das pernas amputadas.
O Brasil ficou em estado de comoção. E o povo paulista respondeu a tamanho infortúnio nas urnas, elegendo-o deputado estadual. Mas tanto reconhecimento não foi suficiente para João suportar o fato de jamais poder voltar a praticar aquilo que mais gostava.
Aos 45 anos, ele morreu de cirrose hepática, carregando amargura. A data: 29 de maio de 1999, um dia após a data de seu nascimento.

http://www.saltotriplo.org/Homenageados/Jo%C3%A3odoPulo.aspx

Nenhum comentário: