BIOS = Bicho Idoso Operando Sistema, há uma época em que as pessoas saem do armário, sinto que não há mais condições de não assumir minha condição de idoso.
Imagem internet sem autor nomeado.
Sofri este ano perda de amigos companheiros e parentes queridos. Ciclo natural da vida, dolorosas perdas ainda mais quando você os viu nascer, crescer, frutificar e fenecer. Sempre tive a certeza que somos passageiros esperando o trem e a vez de partida. Passageiro com o bilhete na mão aguardando a chamada, vi tantas pessoas queridas partirem que sinto-me sobrevivente. Nesses momentos que questiono, não a partida, mas a permanência e o sentido que damos à nossa vida. São as nossas ações as respostas. E o coração sente-se recompensado com as tentativas e o empenho.
Sou da geração pós-guerra (os baby boomers), crianças geradas na euforia do final da segunda guerra mundial. Tive uma diferença de idade de vinte a treze anos com meus irmãos, sou mais próximos com meus sobrinhos, tipo irmão mais velho e tiozão.
Aprendi a escrever com caneta com pena (de aço) molhada no tinteiro. Sou um homem do meu tempo, que é hoje. Encaro um computador, internet, rede social e câmeras digitais. Tenho claro, uma resistência a cada mudança de programa e upgrades, perco-me nas modificações. Adoro jogos eletrônicos mas ainda tenho dificuldades para aceitar os 3D (ainda prefiro o Age of Empires, Civilization e Total War antigos). Tenho minhas dificuldades próprias, não consigo digitar com o bate-papo ativado. Sinto saudades dos e-mails, ainda tenho blog e participo de fóruns de discussão e grupos.
Não consegui entender o ORKUT, na época como tinha alunos pré-adolescentes, a maioria das mensagens eram: “estou indo ao cinema”, “encontrei fulana”. Entrei no Facebook meio contra vontade por indicação de um amigo querido. Com indicações de adicionados que traziam seus pensamentos e pontos de vista políticos. Uma nova abordagem de uma rede social diferente da proposta inicial do Facebook surgida para contatos pessoais, uma rede de compromisso social, militância e troca de informações.
As vezes penso em criar um segundo perfil, para contatos meramente sociais, onde falar banalidades, e comentários sobre o dia à dia sejam o único propósito. Mas recuo pois não sou assim normalmente, venho de uma época em que se cobrava o “engajamento”, até hoje olho a Coca-Cola como uma invasão cultural. Coisa antigas...
Entre a modernidade das rede-sociais descobri um prazer antigo no mundo virtual. A celebração dos aniversários. Muitos consideram bobagens pequenos burguesas, mas fazem bem à alma.
No meu primeiro aniversário no Face, senti um prazer quando recebi felicitações de adicionados com quem tenho contato apenas virtual. Mantive o caminho de mão dupla, e enviei aos meu adicionados virtuais. Sinto que é um prazer real para quem envia e para quem recebe. Fiz novos amigos virtuais no Facebook, e quando tive oportunidade, transformaram-se em amigos presenciais (jargão das redes). Tive oportunidade de rever e reatar amizades perdidas há décadas. Tenho gratas surpresas em conhecê-los melhor, outros que não era muito próximos entendi a razão de manter distância.
Este ano superei o número de mensagens do Face, as mensagens sumiram. Vou me esforçar para os meus amigos virtuais sentirem essa mesma satisfação.
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