A vinda de Mandela ao Brasil tem muitas histórias, umas escritas outras só sabidas por quem as viveu. Houve até negros brasileiros que foram à África do Sul contatar Mandela e o CNA. Esta é do quase cancelamento da vinda de Mandela em 1991 ao Brasil.
Leonel Brizola, Abdias Nascimento, Nelson Mandela e Caó, no Palácio da Guanabara, durante a visita do líder africano ao Brasil, em 1991
Carlos Alberto Oliveira Santos, ou o Caó, nasceu na Bahia, líder estudantil e comunitário e como jornalista no Rio de Janeiro onde trabalhou no Jornal do Brasil e Veja – foi presidente do Sindicato dos Jornalistas por duas gestões e aproximou-se do movimento negro. Terminando com essa posição sua relação com Partido Comunista Brasileiro o Partidão. Abraçou o Partido Democrático Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola, Abdias do Nascimento e Darcy Ribeiro que apresentava “uma política inclusiva do negro na sociedade brasileira”.
Juntou à luta política pela democracia a inclusão do afrodescendente.
Foi eleito em 1982, deputado federal pelo Rio de Janeiro sendo convocado por Brizola então Governador do Rio de Janeiro para a Secretária de Habitação e Trabalho. Tornando-se o primeiro negro a ocupar um cargo de secretário de governo, o que não havia ocorrido no governo Montoro em São Paulo apesar de compromissos de campanha.
Caó conta como foi essa história:
- Acho que em maio, três meses antes da visita de Mandela ao Brasil, na secretaria de Trabalho e Habitação recebi um telefonema de Howard Shapiro, então adido cultural da embaixada americana no Rio de Janeiro. Ele me convidou para almoçar. Fui e ele me perguntou se nós do movimento negro estávamos programando alguma manifestação política quando da vinda do Mandela em agosto. Eu disse a ele que sequer sabia da visita, o que realmente era verdade, e muito menos de um ato político. Aí eu percebi que ele era agente da CIA. Antecedendo à vinda de Nelson Mandela, convidado pela Comissão Legislativa do Senado, os seguranças dele haviam chegado ao Brasil no final de julho para avaliar as condições de estadia e locomoção, como acontece quando da visita de qualquer autoridade ou figura pública mundial. Mas eu desconhecia este fato. Um dia alguém ligou para a secretaria e relatou as condições em que o seguranças dele estavam hospedados: no Hotel Ambassador – Centro do Rio -, sem direito a telefone e frigobar. Eles estavam furiosos e já haviam reprovado a visita de Mandela ao Brasil. Fomos até lá, conversamos com eles e os convencemos a reavaliar a situação e os levamos para outro lugar mais confortável, o Othon, estrategicamente perto da casa do Brizola. Neste meio tempo, viabilizamos meios para a estadia de toda a comitiva. Me orgulho muito disto- , disse Caó.”
Fontes: Wikipédia
Revista Raça
Canal Brasil
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