Tentativa de massacre racista contra estudantes angolanos no Brás.
Estudantes da Educafro pedem Justiça!
Zulmira Cardoso, mulher, negra, angolana. Assassinada com um tiro na testa por ser negra, estrangeira, africana, estudante com mestrado iniciando o doutorado de engenharia? Ódio e xenofobia. As testemunhas declaram, os angolanos estavam bebendo em um bar quando dois outros clientes, brasileiros, teriam xingado o grupo, como: “macacos”. “Vocês vieram de fora para tomar nosso lugar”. Houve uma discussão e os brasileiros foram embora. Cerca de 20 minutos depois, um dos brasileiros voltou, em um Gol prata, desceu do veículo e atirou contra o grupo de angolanos. Zulmira de Souza Borges Cardoso, 26, estudante de engenharia na Uninove, foi atingida na testa e morreu no local. Ela havia ido á um salão de beleza ao lado do bar. Celina Bento Mendonça, 34, grávida de cerca de oito meses, acabou ferida por dois tiros, um deles na barriga. Gaspar Armando Mateus, 27, foi baleado na perna. Renovaldo Manoel Capenda, 32, também foi atingido. Uma tentativa de massacre digna da Klu Klux Kla.
Um crime simbólico falando o que muitos preferem não ver: o Brasil é um país racista, machista e agora xenófobo. Muitos preferem acreditar que somos cordiais, uma democracia miscigenada, aberta para estrangeiros (europeus ou norte-americanos) e adoradores daqueles objetos de mulatas tipo exportação. Não é o primeiro crime contra imigrantes africanos ou haitianos.
Registramos nossa solidariedade com as comunidades de Angolanos e de Estudantes Angolanos no Brasil e somos favoráveis às mobilizações, protestos e pedidos de Justiça para esse caso, como o protesto ocorrido no Rio de Janeiro e de outros grupos organizados que denunciam o Genocídio da Juventude Negra Brasileira. A formação de uma frente contra crimes contra africanos, haitianos e africanos, uma postura antirracista e antiviolência.
A morte do jovem Robson Silveira da Luz e atos de racismos no Clube Tiete em São Paulo levou a sociedade brasileira em 1978, a protestar nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, o Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial, caminhou até a Praça da Sé em plena Ditadura. Em 1987 os policiais assassinos foram condenados, pela pressão da Sociedade. O Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial transformou seu nome para Movimento Negro Unificado (MNU).
Houve uma manifestação de estudantes angolanos em frente à Embaixada de Angola no Rio. O Embaixador de Angola Nelson Cosme, comprometeu-se a providenciar assistência jurídica e assistência médica para os outros três cidadãos angolanos feridos.
Frei David e o advogado dr.Hédio representando a família de Zulmira e a Embaixada de Angola no dia em que o corpo de Zulmira Cardoso seguia para Luanda – Angola.
Bata da formatura da jovem engenheira assassinada.
Em São Paulo a organização educacional Educafro e a Aliança de Negros e Negros Evangélico do Brasil (ANNEB), uniram-se a setores de religiões de matrizes africanas num ato pluriecumênico. A manifestação com diversos representantes de entidades do movimento negro, dos estudantes angolanos em São Paulo. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa o deputado Adriano Diogo, a ex-vereadora Claudete Alves, e a vereadora Juliana Cardoso, participaram do ato. Foi recebido um telefonema do Senador Paulo Paim, propondo a Abertura de Audiência Pública no Senado, ao mesmo tempo houve a proposta da abertura de Audiências Publicas na ALESP (Assembleia Legislativa) e na Câmara Municipal de São Paulo.
Um ato Pluri religioso realizado dia 29 de maio na sede da Educafro -
Após a cerimônia religiosa, vários participantes tomaram a palavra, salientando-se que o caso dos estudantes angolanos, não é o único caso contra africanos e haitianos, negros e estrangeiros, mas uma reação contra os jovens negros brasileiros que ocupam espaços nas universidades. Significativo quando o Supremo Tribunal Federal vota por 10 a Zero a constitucionalidade das Cotas Raciais.
Nesse momento de tristeza e dor surge uma reação, contra esses atos. Será marcada uma nova manifestação perto do 30ª. dia do falecimento de Zulmira Cardoso. Uma manifestação de antiviolência e antirracismo.
Estudantes angolanos unem-se aos estudantes brasileiros da Educafro, e chamam à população em geral a participar numa frente.
Reuniões foram marcadas, para a preparação do ato do 30ª.dia do falecimento da jovem Zulmira assassinada por racistas.
Zulmira? Presente! ZULMIRA SOMOS NÓS.
Justiça! Quando? JÁ!
Texto Hugo Ferreira
Fotos Jô Muniz / Hugo Ferreira
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