Abertura Expo Missa Afro da Igreja do Largo do Rosário (Penha)
De 11 de novembro à 24 de novembro – Passagem Literária da Consolação
Grupo Poética em Construção
Difícil mexer com lembranças, pela primeira vez fui até a Passagem Subterrânea na Consolação com Paulista a “Passagem Literária da Consolação”. Para mim idoso septuagenário, o mundo entre o Cine Bela Vista e o Bar Riviera.
Recordações de um período de 21 anos da Ditadura e o combate para a redemocratização, perante o fantasma do atual retrocesso em São Paulo.
Vivemos tempos difíceis, o Movimento (s) Negro (s) e até o 20 de novembro são contestados por setores reacionários usando oportunistas. Renovar e renascer é preciso, buscar soluções e ideias. Nada melhor que experiências de Comunidades, organizando-se e vencendo dificuldades. E mais significativo usando velhas formas de organização popular.
A Comunidade do Largo do Rosário na Penha de França em São Paulo, organizou-se quando em 2012 houve a ameaça da demolição da Igreja. Construída pela Irmandade da Igreja do Rosário dos Homens Pretos de Penha de França, fruto de esforços de libertos e escravizados, organizados nas Irmandades do Rosário, é a única original em São Paulo, conta a jornalista Carolina Conti do “Grupo Poética em Construção”.
“Por oito meses, fotógrafos do grupo Poética em Construção registraram as inúmeras expressões de fé manifestadas durante o Cerimonial e essas imagens farão parte da exposição "Missa Afro - Registros de uma história de memória, resistência e devoção em Penha de França” diz o texto da exposição.
Uma luta de devoção, na missa afro de todo primeiro domingo do mês desde 06 de outubro de 2013, resistência que necessita de apoio.
No centro da cidade, a atual Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Paissandu, é uma construção nova. A antiga (construída por volta de 1721) no Largo do Rosário foi desapropriada em 1903. “Por esses acasos do destino, os remanescentes do cemitério, que era de propriedade da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, foram parar às mãos do... irmão do prefeito, o sr. Martinico Prado. Ali se construiu o Palacete Martinico Prado, que já abrigou o Citybank e, hoje, acolhe a Bolsa Mercantil e de Futuros.” (fonte Wikipédia)
O mesmo risco de demolição corre a Igreja do Rosário da Penha, e as 120 fotos da exposição, selecionadas entre mais de 500 fotos de vários fotógrafos mostram o acompanhamento da organização, resistência da Comunidade por 8 meses na visão do Grupo Poética em Construção.
Fui convidado por Carolina em abril para conhecer a Igreja e a Comunidade na Penha, desses convites em que os anjos sussurram, e nos fazem retomar histórias familiares mais antigas que a nossa própria vida.
Meu pai José Ferreira da Silva, mineiro do norte de Minas, soldado no Exército participou da Revolução de 1924 e ficaram sitiados na Penha. Anos mais tarde seguindo carreira formou-se oficial na Escola Militar do Realengo no Rio por onde também se formou Luís Carlos Prestes. Meu pai Tenente Ferreira, participou do Movimento Tenentista e levantou-se contra a Ditadura Vargas em 1932, onde teve sua perna esquerda metralhada. Minha família morava na Penha, nasci em 1946 e por motivos vários minha família teve de mudar-se.
Voltar à Penha de França, e juntar-se à uma luta de resistência, é manter uma tradição de luta e devoção.
Uma exposição de peso e vitalidade para se conferir:
“Viva São Benedito! Viva Nossa Senhora do Rosário! Viva a Igreja do Rosário dos Homens Pretos de Penha de França!
Axé!
O grupo Poética em Construção é formado por
Carolina Conti, Daniela Lucheta, Monica Borges, Marcelo Patu, Sebá Neto, Tatiana Vasconcellos, Sergio Cruz e Ricardo Biserra.
Curadoria de Pedro Clash”
Abertura Expo Missa Afro da Igreja do Largo do Rosário (Penha) De 11 de novembro à 24 de novembro – Passagem Literária da Consolação Grupo Poética em Construção
https://www.facebook.com/events/1085300798254615/
Fotos Jô Muniz & Hugo Zambukaki
Texto Hugo Ferreira Zambukaki
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