quinta-feira, 7 de julho de 2016

Nos xingavam de racistas, e ainda matam negros...

 
Hoje dia 7 de julho de 2016, vejo o vídeo da morte do camelô Alton Sterling pelos policiais de “Baton Rouge” – Louisiana EUA. Choca e as imagens são fortes gravadas por sua namorada em um celular. Um homem dominado por dois policiais, recebe três tiros. Logo depois vejo outro vídeo com mais uma morte de um negro Philando Castile no estado de Minnesota, depois de uma abordagem por policiais. Duas mortes em dias seguidos.
 

Baton Rouge – Louisiana  Policial atira em Alton Sterling

 

 

 

Morte de Philando Castile em Minnesota
  Por que cito mortes de negros nos Estados Unidos?
Poderia falar da morte do Carlos Augusto Muniz foi morto num fim da tarde (19/09/2014) durante uma operação da PM na Rua Doze de Outubro, numa situação parecida dos Estados Unidos e também filmado por celular.


Vídeo mostra momento em que PM mata camelô Carlos Augusto Muniz  com tiro na cabeça em SP

Nesse mesmo dia (7 de julho) em 1978 em São Paulo, nas escadarias do Teatro Municipal o então “Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial”, erguia suas bandeiras contra a morte do jovem Robson Silveira da Luz, morto por policiais militares em uma delegacia e contra o impedimento da entrada de atletas negros nas piscinas do Clube Tietê.
Rua Mnu
Na época vigora na África do Sul o Apartheid, regime racista
Plena Ditadura Militar éramos vigiados e infiltrados como os registros da repressão relatam. Como a ideologia do Regime Militar era de negar o racismo, quem levantava bandeiras contra o racismo (inexistente segundo as normas oficiais) era xingado de racista.
O Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, depois transformado em Movimento Negro Unificado MNU era formado por dezenas de entidades em São Paulo. Logo seguido por outros estados.
Em São Paulo uns apoiavam a Ditadura Militar outros eram contra. Mas esse momento foi de união entre todos. Um fato marcante dessa multiplicidade de ideologias, foi em 1982 os vários representantes negros eleitos pelo Partido de Oposição (MDB – Movimento Democrático Brasileiro) passaram a apoiar o PDS (antiga ARENA) liderado em São Paulo por Paulo Maluf.
No PMDB antigo MBD (nessa época uma frente contra a Ditadura) estavam políticos negros como prefeito cassado de Santos, Esmeraldo Tarquínio Filho, o vereador Benedito Cintra (o PC do B estava ainda na ilegalidade) e entre muitos companheiros Oscarlino Marçal dirigente sindical de esquerda e ex-presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade do Largo São Francisco. Oscarlino quando estudante derrotara no Largo São Francisco uma chapa de direita liderada por Michel Temer.
Nossa ideia era eleger deputados, vereadores, obter posições no Governo Democrático de São Paulo, ocupando secretárias. Numa reunião com o então candidato Franco Montoro ficou combinado que Esmeraldo Tarquínio ocuparia a pasta da Secretaria da Justiça e Oscarlino Marçal e Hélio Santos secretarias no governo municipal de São Paulo.
As eleições seriam no dia 15 de novembro, Esmeraldo Tarquínio vítima de um acidente vascular morreu 5 dias da eleição (12 de novembro de 1982), nosso sonho começava também a morrer.
Vendo as mortes no Estados Unidos, onde o presidente Obama é negro e não resolve a questão do racismo e mortes de negros. Questiono a nossa falta de representatividade no Brasil e uma ação efetiva da sociedade contra o racismo e discriminação.
Uma constatação, um questionamento.












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